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Noturno ataca! |
O início de X-MEN 2 (2003) é o sonho de qualquer fã do Noturno, eu mesmo esperei por ela uns 20 anos! Nos quadrinhos, Noturno desenvolveu uma técnica de ataque que consiste em atingir vários adversários ao mesmo tempo, se teleportando entre, e ao redor deles, assim como ele faz nessa maravilhosa seqüência. Minha única decepção é que o teleporte, mesmo mantendo um discreto som de ‘BAMF!’, característico nos quadrinhos, não contém no filme, outra característica marcante; no decorrer de todo o tempo de projeção, ninguém reclama, e nem ao menos menciona, o forte cheiro de enxofre que deveria acompanhar cada teleporte de Noturno!
Em X-Men 2, o Lago Alkali (Alkali Lake), toma o lugar de dois outros cenários de eventos importantíssimos na mitologia X: a base de operações do Projeto Arma X, apelidado de ‘Neverland’, em Alberta no Canadá, e a Baía Jamaica (Jamaica Bay), em Nova York.
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A fixação do Adamantium |
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Pyro |
A seguir, na Casa Branca, conhecemos mais dois personagens da nova trama, um crucial, e outro apenas coadjuvante: o militar William Stryker, e sua guarda-costas, Yuriko, conhecida nas HQs como Lady Letal.
Stryker que no filme é um militar e faz parte das defesas do governo americano, é nos quadrinhos um ex-militar, transformado em fanático religioso fundamentalista anti-mutante, após reconhecer seu filho como um mutante e matá-lo, juntamente com a esposa, e ainda tentar o suicídio colocando fogo no carro. A explosão o jogou longe das chamas, e isso foi o suficiente para convencê-lo de sua verdadeira missão na Terra: livrar o mundo de todo e qualquer mutante! O reverendo Stryker (uma adaptação de ‘striker’ que em inglês significa algo como ‘atacante’) prega o extermínio a todos que possuam o fator X na estória ‘Deus Ama, o Homem Mata’.
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Errol Flynn em 'Robin Hood' |
A seqüência da invasão à Mansão X é extraordinária, no sentido que nos presenteia com um Wolverine mais próximo dos quadrinhos, ou seja, que mata e não faz prisioneiros, e também porque nos dá uma rápida visão de vários outros alunos da escola do Professor X, trazidos diretamente das HQs. Bom, o menino que troca o canal da TV só piscando e que não dorme, é Jones, mas ele foi inventado só pro filme. Mas a ruivinha que grita e estoura os tímpanos de todo mundo, é Siryn, filha de Banshee da segunda formação dos X-Men, e que também possui o poder sônico, e ainda vemos Colossus, que momentos antes havia sido visto desenhando Vampira e o Homem de Gelo, outro dom que Piotr tem nos quadrinhos.
O Professor Xavier é colocado à mercê de um mutante intitulado ‘Mutante 147’, suposto filho de Stryker, com o nome de Jason. Bem, este mutante na verdade é Jason Wyngard, o Mestre Mental, e não é filho de Stryker, os dois não têm nenhum parentesco!
O Mestre Mental fez parte do Clube do Inferno, inimigos dos X-Men, e através de um aparelho desenvolvido por outra telepata, Wyngard conseguiu penetrar na mente de Jean Grey, a Fênix na época, e usando seu poder mutante de criar ilusões, fez com que Jean se apaixonasse por ele só para controlá-la. Jason Wyngard tem um destino diferente da morte mostrada em X-Men 2, a Fênix consegue escapar ao seu controle, e para puni-lo, já que ele almejava tanto o poder, ‘enfia’ todo o conhecimento do universo em sua mente. Desnecessário dizer que sua pobre mente não agüenta e ele enlouquece.
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Fênix se vinga de Jason Wyngard |
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Magneto com esposa e filha |
Nos quase trinta anos que leio X-Men, eu nunca vi, em nenhum quadrinho sequer, um sorriso nos lábios de Magneto, salvo os quadrinhos que o retratam, ainda como Max Eisenhardt, em companhia de sua esposa Magda, e da filha do casal, Anya. Nessa época, Magneto mais uma vez foi vítima da ignorância e da intolerância da raça humana, quando numa noite, uma multidão enfurecida queimou sua casa, com sua filha Anya ainda presa em seu interior. Enlouquecido, o jovem Magneto liberou seu poder de forma incontrolável, matando toda a multidão e destruindo metade da cidade. Magda, apavorada com o lado negro de Magneto, desapareceu sem deixar vestígios. Lembra da cena em que Mística vasculha os arquivos do governo procurando por pistas de Magneto? Numa lista há um nome: ‘Maximoff (2)’. Pois bem, ele se refere aos dois filhos de Magneto que Magda deu à luz quando fugiu, os gêmeos Pietro e Wanda Maximoff, respectivamente os mutantes Mercúrio e Feiticeira Escarlate.
O Sr. Bryan Singer, diretor do longa, tem um sério problema em construir seu vilões, eles saem sempre muito bonzinhos. Aqui em X-Men 2, Magneto faz até piadinhas! Magneto é amargurado e despreza a raça humana profundamente! Ponto!
Noturno comete duas coisas nesse filme que seriam impossíveis para seus poderes: 1 – ‘teleportes às cegas’; como ele mesmo diz no filme, pode acabar dentro de algum objeto ou pessoa, e quando se teleporta junto com Vampira de volta ao jato, a coisa é ainda pior: Noturno ‘sai’ do teleporte com a mesma velocidade que ‘entrou’, ou seja eles entrariam no jato na mesma velocidade da queda livre de Vampira. 2 – ‘teleportes com um carona’; Noturno pode sim carregar alguém durante um teleporte, mas o esforço para isso é tremendo, o que o deixa exaurido, ele praticamente desmaia depois de um teleporte assim. Bom, tudo isso era antigamente, hoje talvez as coisas tenham mudado...
Achei insólita a cena em que Noturno conversa com Mística. Na realidade, Noturno é filho de Mística! Daí a semelhança física. O pai de Noturno é o demônio Azazel, mas deveria ter sido a própria Mística, se a estória escrita por Chris Claremont e John Byrne não tivesse sido vetada pela cúpula da Marvel. Claremont e Byrne assumiram que o poder de transmutação da mutante possibilitaria que ela fosse o pai de Noturno, mas a Marvel achou um pouco avançado demais para aquela época...
Em uma próxima cena, Mística vê o ‘affair’ entre Jean e Logan, e entra na cabana dele transmutada em Jean, e os dois acabam dando uns amassos. Com o verdadeiro Logan isso jamais aconteceria. Ele saberia quase que instantaneamente que aquela não era Jean. Os sentidos animais de Wolverine permitem que ele distinga uma pessoa de outra, pelo olfato e demais sentidos, como faria um cachorro, por exemplo, e como o próprio Wolverine fez no primeiro filme, quando Mística tenta o mesmo truque imitando a Tempestade, e ganha três garras na barriga como resultado.
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Kitty Pryde foge do N'garai by John Byrne |
A seqüência do jato dos X-Men, o Blackbird, sendo pilotado com o máximo esforço por Vampira quando ela vem resgatar os X-Men antes da represa romper, foi inspirada na estória ‘Demônio’, na qual Kitty Pryde, a Lince Negra, tem que aprender a operar o jato no começo da estória, e no fim, isso a salva da morte na mãos de um N’garai.
No começo da matéria eu disse que o Lago Alkali toma o lugar de dois cenários importantes para a mitologia dos X-Men, o segundo sendo a Baía Jamaica, em Nova York.
No fim do filme, Jean se sacrifica e salva todos os X-Men, o que nos leva a crer que ela está morta, mas na última cena, vemos a sombra de um pássaro, (o Efeito Fênix), no fundo do lago, indicando que Jean ainda possa estar viva.
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Jean Grey emerge da Baía Jamaica como a Fênix |
Alguns X-Men haviam sido seqüestrados e eram mantidos reféns em uma base dos Sentinelas em órbita no espaço. Com a ajuda do Dr. Peter Corbeau, o restante do grupo consegue resgatar seus companheiros, mas na volta à Terra, a nave é colhida por uma tempestade solar e os escudos não suportam. Todos os X-Men vão para as câmaras de segurança, exceto Jean que sela a nave com um escudo telecinético, e absorvendo os conhecimentos do Dr. Corbeau, a pilota na reentrada e consegue jogá-la nas águas da Baía Jamaica, na cidade de Nova York. Ao saírem da nave, todos acreditam que Jean esteja morta por ter sido exposta à tempestade solar, mas ela emerge do fundo da baía transformada em um novo ser, a Fênix.